No ar desde março de 2012, substituindo a bomba que foi Fina Estampa, Avenida Brasil tornou-se um fenomeno de audiência, sucesso no ipobe, e com alta repercussão nas redes sociais.
Confesso, que quando a trama estreiou, com uma abertura ao som de Kuduro, eu virei a cara para a trama. Apesar do bom elenco, e da história central aparentemente interessante, a novela não despertou o meu interesse, e não acompanhei seus primeiros capitulos.
Pois então, depois de alguns meses no ar, decidi dar crédito a trama da jovema Nina (Deborah Falabella) e me surpreendi com a maneira como o autor vinha conduzido a sua trama.
É sabido em todo o país, que Nina, foi abandonada ainda criança, quando se chamava Rita, pela madrasta malvada num lixão. Carminha (numa brilhante atuação de Adriana Esteves), que também havia largado um filho lá, Batata, que na verdade era o apelido de seu filho amado Jorginho (Cauã Reymond). 12 anos depois, Rita aí muda o nome para Nina, volta ao Brasil, depois de anos na Argentina, disposta a fazer Carminha pagar pelos seus erros do passado.
Muitas pessoas vieram me falar, que a trama era uma cópia mal feita do seriado americano Revenge, sucesso na TV a cabo. Eu discordo, Revenge é inspirado em O Conde de Monte Cristo, e a história da mocinha que sofre, e volta para se vingar, já foi muito explorada em nossa teledramaturgia, Chocolate com Pimenta em cartaz no vale a pena ver de novo, é um grande exemplo. Além, até a teledramaturgia mexicana já apresentou histórias com o mesmo fundamento, Marimar, por exemplo, novela reprisada recentemente no SBT, também trazia uma mocinha vingativa, e na minha opinião a única vilã que Thalia interpretou durante toda a sua carreira: Bella Aldama.
A máxima, da teledramaturgia, dos filmes, e dos livros é aquela velha frase: "Todas as histórias são iguais, o que muda é o jeito de contar", e é aqui que Avenida Brasil encontra o seu diferencial.
Nina é a mocinha vingativa, aparentemente boa pessoa, só que capaz de coisas questionáveis para alcançar seus objetivos, na sua sede de vingança ela chega a ser exagerada e caricata (me refiro a personagem) e até meio chata. Durante 100 capitulos, Nina colocou sua amiga Betânia (Bianca Comparato) se passando por ela, a Rita que fora no inicio da trama, para enganar a vilã, sem medir as consequencias do seus atos para a amiga. No capitulo 100, ocorreu a grande virada da trama, quando Carminha descobriu que Nina na verdade era a Rita, que ela mesmo tinha abandonado anos antes no lixão, após roubar o dinheiro da casa do pai de Rita, Genésio (participação especial de Tony Ramos), morto no primeiro capitulo da trama. A partir daí a trama ganhou contornos de agilidade, e me fisgou de vez, os 100 capitulos anteriores, e só eu partilho desta opinião provavelmente, giravam ao redor de uma trama chatinha e arrastada, onde Nina fingia ser a melhor amiga de Carminha a ponto de se vingar dela, vingança essa que nunca dava as caras, tivemos momentos excelentes, que eu acompanhei de relance, como o sequestro de Carminha, e quando o marido dela Tufão (Murilo Benicio), descobriu a verdade sobre o filho que ela abandonara no lixão.
E ainda pra ajudar, nos 100 capitulos anteriores, ainda existiam as tramas paralelas mais sem graça da TV Brasileira. João Emanuel Carneiro errou feio na condução delas a meu ver. Cadinho (Alexandre Borges) e suas três mulheres são o grande exemplo, de uma das tramas paralelas mais chatas e insuportáveis já vistas na TV, e é aqui o grande pecado de Avenida Brasil, a trama central, o embate feroz entre Nina e Carminha é excelente, bem conduzido, cheio de ganchos e situações interessantes, já as tramas perifericas, estas são dificeis de acompanhar, além disso, ainda tem uma trilha sonora de doer os ouvidos, de Luan Santana ao Tchu e o Tcha.
Dito isso, quando a novela atingiu o capitulo 100, quando Carminha descobriu que Nina era Rita, (e a obsessão da vilã pela busca de Rita, ainda gerou um bordão na internet, o já famoso: É tudo culpa da Rita), a trama virou, Carminha decidiu se vingar de Nina, enterrando a rival viva, a meio de dar um susto nela, num capitulo exibido no sabado, um dos melhores momentos da trama, e interpretações impecáveis de Debora Falabella e Adriana Esteves, numa sequencia inspirada em filmes de suspense.
Na Segunda-Feira, Nina então muda a condução dos acontecimentos, ela munida de fotos de Carminha com o amante Max (Marcelo Novaes), começa a chantagear a vilã.
O único problema da novela, como já dito antes, são suas tramas paralelas, chatas toda vida, elas ficam sobrando no meio da trama central, esssa sim, bem construída e bem apresentada por João Emanuel Carneiro.
Um dos maiores méritos da trama, é a dubiedade de sua protagonista, a mocinha Nina, Debora Falabella, conseguiu construir uma personagem obcecada por seu desejo de vingança, uma personagem que pode chegar a ultrapassar os limites do certo e do errado, uma mocinha humanizada, que erra, e que acerta, achando que está fazendo a coisa certa.
Além disso, a trama também apresenta Carminha, como a grande vilã, mas que tem lampejos de bondade, que parece se preocupar de fato com o filho problemático Jorginho (e devo dizer também, insuportável), e que também tem um segredo não revelado, mas que pode explicar o real motivo de todas as coisas erradas que a vilã já fez durante sua vida, mostrando que ela talvez, só tenha sido vitima das circunstâncias.
O sucesso de Avenida Brasil, é estrondoso, e como eu havia comentado, repercurte na redes sociais, o bordão É Culpa da Rita, já foi compartilhado a exaustão, A fala de Nina, quando ela obrigou Carminha a se tornar sua empregadinha, o me serve vadia também, já virou mania nas redes sociais. Além disso, vários avatares no twitter (onde a novela ainda faz mais sucesso, e todos os dias figura entre os trending topics, os assuntos mais comentados na rede) aderiram ao "congela" da trama, que em todos os seus finais de capitulo, acaba congelando um personagem num efeito preto e branco, com o fundo de luzes de carros (a Avenida Brasil do titulo). Eu mesmo cheguei a utilizar uma foto congelada durante alguns dias no twitter.
Avenida Brasil, já entra para a história da televisão Brasileira por conta de sua repercussão e pela trama central bem escrita.